8 regras para criar pensamentos capacitadores
Psicologia do Desporto 22/09/2016

8 regras para criar pensamentos capacitadores no desporto

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

Os executantes de top no desporto percebem o mundo de uma maneira diferente dos outros. Eles percebem os eventos e situações de forma facilitadora, são aquilo que na aplicação dos meus Programas de Treino Mental apelido de Atletas Facilitadores, ou seja, estes atletas procuram sempre uma maneira de se adaptarem de forma a obterem vantagem competitiva para o sucesso. Eles têm uma expectativa elevada de sucesso. Eles acreditam em si próprios e nas suas habilidades. Do ponto de vista comum, é quase como se estivessem olhando para o mundo através de um filtro positivo, voltado para o sucesso. Atletas que procuram explorar as suas potencialidades ao máximo querem adotar esta perspectiva.

Você também pode aprender a produzir pensamentos capacitadores que lhe permitirão aplicar ao máximo todo o seu potencial e assim transformar-se num Atleta Facilitador (atleta que promove resultados de excelência). Aprender a ter pensamentos capacitadores é um processo de imitar os hábitos mentais e padrões de pensamento dos executantes de topo no desporto. O elemento central desse processo é a adoção de hábitos de autoverbalizações dos campeões.

Os campeões possuem uma vantagem mental. Eles efetivamente percebem o mundo de uma forma totalmente diferente da pessoa considerada comum. Esta é uma razão pela qual podem ser considerados executantes de topo. Eles vêem vantagens onde os outros vêem problemas, percepcionam as dificuldades e a pressão como um desafio e não como ameaçadoras.

Criar pensamento capacitadores

Alterar de forma positiva as autoverbalizações representa um passo importante para ultrapassar o stress competitivo, assim como melhorar a motivação a auto-confiança e a aprendizagem. As autoverbalizações são uma ferramenta que ajudam na interpretação daquilo que está a ser experienciado. Isto significa que as autoverbalizações servem para reinterpretar as situações, reestruturar os pensamentos e guiar as ações.

Quando os atletas aprendem a seguir orientações específicas para guiar o seu diálogo interno, eles experienciam as situações de pressão como menos stressantes, conseguem implementar rotinas pré-competitivas facilitadoras para o máximo rendimento e executar as ações necessárias para o sucesso.

O método para controlar o diálogo interno dos atletas forma um conjunto de orientações a seguir. Este método baseia-se num conjunto de verbalizações que necessitam de ser reestruturadas no sentido de o atleta se percepcionar com capacidade de gerar soluções positivas face aos seus objetivos. O que inclui um conjunto de diálogos a evitar e outros a implementar.

pensamentos capacitadores

ORIENTAÇÕES PARA AS AUTOVERBALIZAÇÕES A EVITAR

Regra nº1: Evitar pensamentos que conduzam à preocupação ou ansiedade

Atletas que têm desempenhos inconsistentes, especialmente aqueles que não produzem resultados satisfatórios face ao risco e à pressão, possuem autoverbalizações baseadas no medo (medo de perder, medo de falhar, de desiludir os outros) ou na dúvida das suas capacidades (eu não serei capaz, não treinei o suficiente, não estarei à altura). Estas declarações deverão ser evitadas ou mesmo banidas do discurso usual dos atletas. As declarações de dúvida e medo retiram capacidade e confiança e geram ansiedade e stress.

Regra nº2: Evitar pensamentos que conduzam a falhanços passados

Se o atleta enfrenta um adversário do qual já sofreu algumas derrotas ou se os resultados têm ficado aquém daquilo que o atleta é capaz de realizar, pensar acerca destes acontecimentos cria na grande maioria das vezes uma cascata de pensamentos negativos, colocando o atleta numa situação de desvantagem. O atleta não deverá dirigir a sua atenção para estes pensamentos, mas sim para as rotinas pré-competitivas promotoras de máximo rendimento e seguir o processo implementado previamente.

Regra nº3: Evitar atribuições de auto-estima relacionas com o desempenho

Evitar declarações que coloquem em causa a auto-estima do atleta devido a fracos desempenhos. Diálogos internos que indiquem este tipo de declarações, tais como:

  • “ Se eu perder este ponto ou torneio ou prova”, eu não faço nada bem
  • “Se eu não ganhar”, vou-me sentir como um inútil

Quando um atleta tem a atitude de que ganhar é necessário para manter a sua autoestima os riscos são demasiado elevados. Serão gerados sentimentos depreciativos acerca de si próprio retirando capacidade, confiança e aumentando os níveis de ansiedade.

Regra nº4: Evite concentra-se nas probabilidades negativas face às de sucesso

Evitar o diálogo interno negativo, inclui muitas vezes não cair na armadilha de rever as probabilidades negativas face ao resultado desejado. Um alpinista não deverá concentrar-se em demasia no perigo que enfrenta quando está a escalar. O seu pensamento deverá estar orientado na rara oportunidade que é escalar. Efetivamente o atleta deverá estudar as suas possibilidades de sucesso, e isto não é considerado um mau hábito. No entanto na grande maioria das vezes pode cair em excessos.

Se um judoca estiver preocupado em estudar o ranking dos seus oponentes, e estes tiverem melhor posicionados, inadvertidamente irá comprometer a sua confiança. O seu pensamento criará uma expectativa de resultado negativo e aumentará o stress e a pressão. É como se dissesse a sim mesmo, “não vou conseguir, pois são todos mais fortes do que eu”.

Portanto, seja antes ou durante a competição os atletas deverão evitar pensar no ranking dos seus adversários, na sua experiência competitiva, nos seus títulos, na reputação ou no quão forte ele pode parecer ou ser. As estatísticas informáticas também não deverão ser levadas em consideração, se fosse o caso não existiria desporto real, seria tudo feito estatisticamente.

No Programa de Treino Mental que aplico utilizo a expressão “os nomes não ganham competições”, quero com isto dizer que existe sempre a possibilidade de fazer algo e tentar ser bem-sucedido, o mais cotado naquele dia terá de expressar um estado de forma superior ao outro para sair vencedor. O atleta “supostamente” mais fraco terá então a oportunidade de verificar se tudo o que treinou e expressou em competição será suficiente para ganhar. Se não for bem sucedido deverá preparar-se melhor para uma próxima oportunidade. Tudo é uma questão de oportunidade e não de probabilidade.

ORIENTAÇÕES PARA AS AUTOVERBALIZAÇÕES POSITIVAS

Regra nº5: Monitorizar o seu Diálogo Interno

Para implementar as autoverbalizações positivas, o atleta deverá monitorizar o que diz a si próprio antes das competições. O Diálogo interno segue padrões. As declarações e afirmações tornam-se habituais, criando uma “Inclinação Mental” (tendência para seguir sempre os mesmos padrões verbais, sejam eles positivos ou negativos).

Infelizmente as rotinas verbais habituais acionam-se de forma automática. O primeiro passo a ser implementado deverá ser uma atenção consciente sobre o diálogo interno, tentado identificar padrões de verbalizações negativas, e mudá-los.

Poderá ajudar escrever uma lista de verbalizações identificadas como negativas e substitui-las por outras mais capacitantes. Todos os seres humanos têm um repertório verbal que se tornou um hábito, se ele for incapacitante, e se acionar automaticamente, irá sempre prejudicar o rendimento desportivo. Desta forma o atleta deverá implementar intencionalmente os novos padrões ou fica sujeito a que os antigos se acionem sempre por defeito e assim funcionarem como sabotadores da performance.

Regra nº6: Utilize autoverbalizações que reforcem a capacidade de regular o seu estado

Normalmente, quando os atletas enfrentam dificuldades ou enfrentam momentos críticos em competição, sentem uma perda de controlo. As autoverbalizações podem regular e alterar estas percepções. No meu Programa de Treino Mental os atletas aprendem a implementar estratégias para se colocarem no seu melhor estado de recursos que facilitam a obtenção do máximo rendimento. O método que suporta as referidas estratégias são as autoverbalizações, que por sua vez fazem parte das rotinas pré-competitivas.

Assim sendo, o atleta deverá conseguir desenvolver vários tipos de declarações tais como autoverbalizações de mobilização (conjunto de práticas que ativem o atleta e aumente os níveis energéticos e motivacionais), autoverbalizações de processo (conjunto de práticas que regulam a tarefa competitiva), autoverbalizações executivas (conjunto de práticas que promovem o foco atencional na competição), entre outras.

Regra nº7: Sintomas de stress e nervosismo a levar em conta de forma positiva

Os sintomas de stress são abertos à interpretação. Normalmente as reações de stress e nervosismo são algo bom, ou seja, são alterações psicofisiológicas que preparam o atleta para a ação promovendo o máximo rendimento.

Se o atleta ao sentir fisicamente determinados sintomas, como o aumento do batimento cardíaco, sudação, borboletas no estômago, agitação motora e associar isto a alguns receios e dúvidas que possa ter acerca de si ou da expectativa de resultado, irá certamente ser prejudicial para o seu desempenho.

O atleta deverá reinterpretar as suas avaliações e reestruturar as suas autoverbalizações para um diálogo mais capacitador. Ao invés de dizer, “ devo estar com medo” ou “sinto-me fraco e trémulo com os nervos” deverá dizer para si mesmo, “sinto-me desafiado”, “sinto-me energizado”, “ sinto-me preparado para a ação”. Estas declarações ajudam o atleta a transformar-se num “Atleta Facilitador”.

Regra nº8: Converter declarações negativas em positivas

O atleta deverá focar-se naquilo que pretende e não naquilo que receia. A ginasta que diz para si mesmo “não posso cair na trave”, pode criar um problema com esta instrução negativa. Instruções na forma negativa produzem imagens mentais instantâneas que coincidem com a directiva previamente temida. O corpo humano reage a indicações específicas, quanto mais precisas, positivas, construtivas e capacitadores forem melhor será a resposta motora. Desta forma a ginasta deverá alterar o diálogo interno para, “mantêm-te na trave”, “sê firme nas recepções”.

Para este caso específico a atleta poderia usar dois tipos de autoverbalizações:

  • Autoverbalizações de incentivo ou motivacional, que permite aumentarmos os níveis de confiança. “Eu sou capaz”, “tenho capacidade para fazer”, “sou boa nisto”
  • Autoverbalizações executivas, que permitem uma orientação específica no que é importante realizarem. “ Mantêm-te firme”, “na recepção flecte ligeiramente as pernas”.

O stress e a pressão são condições que fazem parte da vida de qualquer atleta, não sendo possível evitá-los em algumas situações. Um determinado grau de pressão e stress, desde que manejável pode ser benéfico para o rendimento do atleta. A implementação de diálogos internos positivos e capacitadores no treino diário constroem hábitos que com a prática continuada se transformam em padrões facilitadores do ótimo rendimento desportivo.

ESTRATÉGIAS MENTAIS PARA POTENCIAR O RENDIMENTO OU SUPERAR-SE

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Bons treinos.

Abraço,

Miguel Lucas

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