Poder narrativo: Um importante passo para o poder pessoal
Psicologia Comportamental 22/09/2016

Poder narrativo: Um importante passo para o poder pessoal

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

Todos temos histórias para contar acerca da nossa própria vida, do que nos aconteceu, como aconteceu, que impacto teve em nós, o quanto nos mudou, o que sofremos, o quanto nos enriqueceram. Somos um aglomerado de histórias que narram a nossa vida, a forma como nos vemos, como vemos os outros. A construção final das memórias que constituem essas histórias, sofrem grande influência da forma como narrámos os acontecimentos. Como os enquadrámos, que palavras utilizámos, que conceitos e crenças instituímos, e que padrão mental se foi edificando.

A forma como narramos a nossa própria história influencia positivamente ou negativamente o nosso poder pessoal. Saber escolher as palavras que usamos na construção narrativa da nossa história é uma condição importantíssima na edificação do poder pessoal.

Exemplo: “Eu sou um fracasso total. Eu não posso acreditar que cometi este erro, isso custou-me meses de tempo e esforço. Eu talvez nunca consiga recuperar. Que idiota fui que não consegui perceber o que estava vindo.”

Este tipo de autonarrativa pode tomar proporções catastróficas. A pessoa fica à mercê da sua angústia, sofrendo claramente pela interpretação que faz, usando um discurso depreciativo e negativista.

Autonarrativa destrutiva

Em consulta deparo-me com pessoas que claramente estão em sofrimento e procuram resolver o seu problema. Mas, maioritariamente focam-se em como o problema as fez sentirem-se falhadas, diferentes, piores que os outros, incapazes, miserabilistas. O problema maior não está no próprio problema, mas sim na forma como personalizam negativamente o problema, narrando a história do acontecimento de forma tremendamente autodepreciativa.

Falar com você mesmo acerca do quão inútil você é, não é útil. Sim, você pode estar a sofrer uma perda, uma dor infligida por outrem, mas há um custo enorme ao contar a sua história de forma limitante. Você deita fora o seu maior poder. Quando você define o seu “eu”, como sendo “um fraco” perde a sua capacidade para efetuar uma mudança positiva.

Às vezes é mais importante saber como o seu próprio crescimento funciona, do que saber como aprender coisas específicas para melhorar. Você não pode mudar nada, a menos que primeiro você acredite na sua capacidade de conduzir a mudança. Isso é o que permite que você comece a envolver-se com ideias construtivas, resolver problemas, mobilizar os outros, e concentrar a sua energia na solução do problema.

Por outras palavras, para você conseguir um impacto positivo, importa pensar em si mesmo como “eu tenho valor e consigo reerguer-me”, e não como “sou um incapacitado e vou permanecer no estado que me encontro.”

Aprofundei o assunto no artigo: A consciencialização é o primeiro passo para a mudança

A maioria de nós falamos para nós mesmos de maneiras que nunca falaríamos com ninguém. Mais do que recomendado, muitas das vezes podemos tender a ser cruéis connosco quando sofremos um fracasso. Se você espera “acertar” todas as vezes quando algo não acontece como esperando, a tendência pode ser culpabilizar-se pelo fracasso. Tende a acreditar que deveria ter previsto o mau resultado e precavido a situação.

Na base dessa culpabilização destrutiva pode estar a crença de que você deveria ser capaz de controlar tudo, de antecipar os erros, fracassos e decepções. Mas, deixe-me dizer-lhe, essa é uma crença irrealista. Ninguém não falha, ninguém não erra. Todos somos suscetíveis ao erro.

Se nos rotularmos de forma depreciativa, certamente a narração do eu não será benéfica. Passamos a usar um discurso para nós mesmos como se fossemos o nosso pior inimigo a falar-nos constantemente ao ouvido. Imagina o poder destrutivo que isso pode ter? Quer isso para você? Acredito que não.

negatividade

Poder pessoal = poder narrativo

As causas de você ter desenvolvido uma narrativa interna de autoavaliação destrutiva acerca das suas ações e desempenhos, podem ser muitas ou múltiplas. Pode ter tido uns pais demasiado rígidos e críticos, pode ter instituído padrões de perfeccionismo, pode ter desenvolvido um sentimento de inferioridade.

Independentemente do que possa estar na origem, o que importa agora perceber é o quanto o seu poder narrativo pode estar a destrui-lo. Para ajudá-lo nesse processo, leia: 7 Maneiras de identificar o seu diálogo autocrítico.

Depois dessa análise, torna-se premente ficar ciente que se mudar o autodiscurso que tem vindo a ter e orientá-lo para formas mais construtivas e positivas, você ficará na posse de um enorme poder pessoal para conduzir a sua vida: O poder narrativo.

Transforme-se no criador da sua história e da sua vida. Converse com você como um amigo, e não como um inimigo. E lembre-se, você não pode mudar nada, a menos que primeiro olhe para si mesmo como sendo suficientemente poderoso para agir deliberadamente.

A maneira como falamos de nós mesmos concede-nos o poder, o poder narrativo, do que acontece em seguida.

Recomendo que leia: Cuidado com as suas palavras, 8 formas de otimizar o seu diálogo interno.

A MINHA VOZ

Aquela voz,

Que me domina e me persegue,

Me oprime e me penaliza,

Me aprisiona as ideias, os desejos e a audácia,

Lá vem ela, chega surrateiramente, e quando se manifesta torna-se ensurdecedora,

Aquela voz que me inflaciona a responsabilidade,

Que me exige a perfeição,

Que me estigmatiza a alegria,

Que me faz sentir culpado na derrota e no erro,

Aquela voz, que representa todas as vozes autoritárias,

Que representa um pai castrador,

Que manifesta a frustração de uma geração,

Que desumaniza,

Que repudia a criatividade,

Aquela voz que foi sendo implantada na minha mente,

Aquela voz que eu julgo ilusoriamente ser a minha própria voz,

Aquela voz, que representa todas as vozes negativas, castradoras, maledicentes,

Aquela voz que eu descobri dentro de mim, não mais tomará o controle da minha vida,

Jamais aquela voz se enraizará na minha alma consumindo tudo o que tenho de bom,

Jamais permitirei que perpetue e se materialize na minha desgraça,

Aquela voz, já não é mais a minha voz,

Aquela voz, tinha a voz que eu a deixava ter,

Aquela voz foi vencida pela minha voz,

A minha voz superou aquela voz,

Libertei-me daquela voz,

Hoje sou a minha própria voz,

Consciente, ouço-a,

Que bela a minha voz,

Que palavras positivas se fazem ouvir,

Palavras livres, assertivas, carinhosas, carregadas de sonhos, vontades, compaixão e vontade de gritar bem alto:

Eu sou a minha voz que se faz ouvir em mim. –  Miguel Lucas

Abraço,

Miguel Lucas

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Comentários
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Gilberto de Paula

Bom dia Miguel Lucas,
muito obrigado pelas palavras, até aparenta, você me descrevendo, mas fui o personagem desse texto, mas não serei mais, sei que eu e meu eu somos pessoas do bem e vitoriosos !!!

Grande abraço !

Att, Gilberto.

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Miguel Lucas

Olá Gilberto, obrigado pelo comentário.

Fico muito contente por você ter conseguido perceber que pode tomar as rédeas da sua vida nas suas mãos. Sucesso e convicção.

Abraço

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António

Excelente texto, já divulguei!
Por vezes também me identifico com esse texto, mas por pouco tempo, pois logo me apercebo do que estou a fazer e paro, "travo a fundo", desligo todos os pensamentos e deixo-me ficar em silencio. Nem sempre é fácil ficar em silencio, mas com alguma prática consegue-se. Quando estamos em silencio, sem nos focarmos em nada, surgem as respostas, como pequenos flashes de intuição. Até para lembrarmos onde deixámos determinado objecto isso funciona.
Aprendi com as minhas experiências que não é necessário nos sentarmos na posição de lotus para meditar, podemos fazê-lo a qualquer momento e em qualquer lugar. Quando vou a conduzir, em vez de ir a pensar nas preocupações, ou qualquer outra coisa, ponho a mente em pausa, se o transito estiver caótico, não me afecta, apenas espero. Dessa forma não fico stressado e não me esqueço das coisas.
O nosso verdadeiro ser não é a mente, mas aquela presença silenciosa que se revela por detrás da mente.

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Rafael Danigno

Legal o texto, Miguel! Napoleon Hill fala muito isso em seu ótimo livro: "Quem pensa enriquece"!

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Ricardo Fernandes

Obrigado por partilhar a ideia do Livro "Pense e fique rico" vou ja comprar

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michelli

LINDo o texto, fiquei com lágrimas nos olhos!!

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Bruno

Olá Miguel, gostei muito da postagem. Tudo que você citou é verdade e eu luto comigo mesmo pra vencer a minha autocrítica que é bastante pesada, amigo pra você ter uma noção eu era tão perfeccionista que eu não saia de casa se eu não estivesse com o peso em dia, já perdi festas, trabalhos de escola, encontros só pelo meu peso e achava que as pessoas ao redor estavam rindo de mim por não estar em forma mas confesso que não me livrei disso por completo, ainda passo por isso mas isso é muito ruim.. Não vou ficar me lamentando eu vou fazer de tudo pra mudar e eu profetizo que eu vou conseguir!

Eu a partir de hoje vou começar a parar de me culpar pelos meus erros, eu li seu texto e fiz uma reflexão,eu refleti o seguinte ” Eu estou tentado fazer tudo perfeito mas estou fazendo isso por qual motivo?! , o que eu estou tentando provar, estou tentando provar o que pra quem?” . Sou humano é normal cometer erros, não sou uma figura pública pra ficar fazendo tudo com cautela exagerada do jeito que eu fazia, vou viver minha vida da melhor forma que eu achar que é melhor e se eu errar em algum ato vou tentar buscar um lado positivo de tudo e não ficar me culpando pelo erros.

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Miguel Lucas

Olá Bruno, obrigado pelo comentário.

O seu testemunho é duplamente extraordinário. Por um lado porque você expressa o quanto a sua vida era limitada por receios, e por outro porque conseguiu perceber através do gatilho do artigo que pode livrar-se de toda a carga emocional negativa que transportava optando pelo lado positivo e construtivo das suas ações.

Força e convicção.

Abraço

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RICARDO RJ

Excelente texto Miguel!Guardei como palavras chaves:Assertividade.consciencia,poder pessoal e vontade.Muito grato!

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boas

achei excelente!!!!!nao ha comentario positivel….

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Vânia Lúcia de Araujo Dellarmelina

Amei o texto, obrigada por tantas orientações maravilhosas. Um abração

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Angelo_CV

Muito bons todos os textos do site, mas tenho um problema, que é não conseguir produzir pensamentos positivos duradouros que me façam mudar o resto que necessito mudar. A autodestruição é forte e difícil de dominar. A mente entra em devaneio e volto ao ponto zero, que é da derrota antes de tentar. Grande abraço. E agradeço se puder me indicar ações positivas que sejam fortes o suficiente para dominar as negativas.

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Ricardo Fernandes

Muito obrigado, por acaso este foi um tema que abordei com a minha psiquiatra na ultima sessão e foi convicente de facto tenho vindo a fazer terapia ja ha algum tempo sou bipolar mas não profundo tomo medicação so para estabilizar o meu humor não é propriamente para evitar os polos. De facto tenho vindo a pensar em escever um livro mas ainda estou numa fase de Brainstorming. O meu grande problema foi que tive uma situação de grande stress que despoletou um evento mental ou seja houve um impacto passei muito tempo a ruminar os resultados desse impacto em vez de pensar no impacto propriamente dito esse momento paradoxalmente é de uma grande riqueza. Eu andava á procura de explicações li tudo e mais alguma coisa so agora percebo que quando uma descrição não basta podemos estar em apuros. Eu presumo que o Dr. tenha uma costela cientista e andamos á procura de explicações mas acho que a descrição dessa procura é muito importante acho que é a solução e essa solução não é um problema pois no momento que eu vivi de alto stress que despoletou tudo eu encontrei uma solução essa solução era o problema. Abraço

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Lara

Bom dia Miguel!
Os seus temas têm-me ajudado muitíssimo. Encontro-me numa situação em que, apesar de tentar usar todas as técnicas que me tem indicado e de ter já dado muitos passos para alterar o pensamento recorrente do passado, muitas vezes ainda me sinto condicionada por ele, pois trata-se de uma situação existencial muito profunda.
Pertenci a um grupo religioso que , apesar de eu ,na juventude ter dedicado a minha vida toda e de profunda convicção ao mesmo, quando fiquei doente devido a um acidente, fui afastada sem nenhuma explicação, a não ser que "era a vontade de Deus".
Como a minha fé ia para além do grupo, isto é, acreditava profundamente em Deus,mas que na vida pratica se identificava com o grupo, fiquei muitíssimo perturbada e ainda agora, depois de muitos anos, me pergunto como é que em nome de Deus se podem fazer coisas destas…
Isto continua realmente a perturbar-me, até porque o modo como fui excluída do grupo não foi claro…fui-me apercebendo ao longo dos anos e pelas atitudes, e fui detectando um padrão…ou seja, cada vez que me aproximava sentia-me excluída e ignorada.
Confrontei-os diretamente e muitas vezes e só respondiam com silêncio ou evasivas…
Gostaria de saber se me pode ajudar a libertar-me, mesmo se já tomei a decisão de me afastar definitivamente, mas o pensamento de desilusão, de injustiça,de traição de revolta, continua a fazer-me danos e a criar rancores…
Obrigada,
Lara

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Cristina Rio

Miguel,

Parabéns pelo seu texto ¨A minha voz¨. É um texto que nos incentiva a silenciarmos, nos escutarmos, a não nos intimidarmos com os nossos pensamentos castradores e paralisantes e, principalmente…a nos amarmos! Muito bonito.

Que a sua voz continue a se fazer ouvir pois vale ouro!

Um abraço,

Cristina

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Renata

Obrigada por me fazer acreditar que eu existo!!!
Deus te abençoe grandemente
Abraços

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