Que tipo de pessoa você quer ser?
Motivação 22/09/2016

Que tipo de pessoa você quer ser?

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

Algumas das categorias da Escola Psicologia são sobre motivação, felicidade, saúde e bem-estar, psicologia positiva, terapias psicológicas, entre outras, partilhando o mesmo objetivo: contribuir para a melhoria de vida dos leitores. De acordo com esta premissa, pretendo abordar uma questão fundamental que gira em torno da promoção de uma atitude positiva e funcional no sentido de estruturar um processo que facilite a obtenção de resultados de êxito (por exemplo: ter uma vida mais satisfatória, melhorar um transtorno psicológico, obter sucesso, ser promovido no emprego).

Estes resultados de êxito serão facilitados se construirmos e/ou elaborarmos algumas questões correctamente. Por outras palavras, na grande maioria das vezes, as pessoas com problemas crónicos de infelicidade e mal-estar nas suas vidas, focam-se em assuntos que em nada contribuem para a melhoria do estado que se encontram e pretendem ver melhorado. Responsabilizam a família, os amigos , os colegas de trabalho, o parceiro, o governo, as suas incapacidades, a sua forma de ser. Levantam questões do tipo: “Estou farto de aturar isto”, ou “O que é que se passa comigo?”, ou “Que tipo de pessoa sou eu?”.

Os assuntos sobre os quais alguns de nós nos focamos, e as consequentes questões que emergem daí, são normalmente o primeiro obstáculo ao sucesso. Quer seja dormir melhor, ganhar mais dinheiro ou ser mais feliz. Passo a explicar: para conseguirmos uma mudança significativa no nosso comportamento e orientada com o nosso objetivo, deveremos fazer questões às quais possamos dar resposta.

Por exemplo, perguntas do tipo: “Será que vou conseguir?”, ou “Será que vou ser feliz?”, ou “Será que isto é o melhor para mim?” não podem ser respondidas do ponto de vista prático, o que quer dizer, que não contribuem para a pessoa ficar mais esclarecida.

Assim sendo, importa reformular estas questões para formas mais construtivas e orientadoras: “O que é que necessito fazer para aumentar as probabilidades de obter o que desejo?”, ou “O que vou fazer para contribuir para a minha felicidade?”, ou “O meu objetivo estará alinhado com os meus valores?

Estas questões conduzem-nos inevitavelmente para a questão mais pertinente: “Que tipo de pessoa eu quero ser?”

Não é uma questão fácil de responder. Mas é certamente um ótimo passo para começar a decidir o que você quer para si e o que o motiva. Deveremos focar-nos naquilo que está ou pode vir a estar sobre o nosso controlo e dependente das nossas ações. Há sempre uma escolha, desde que se torne consciente de si mesmo, não passe a sua vida em piloto automático, e pergunte que tipo de pessoa você quer ser. Irei tentar estimulá-lo a perceber que tipo de escolha motivacional irá optar, para produzir e promover o seu crescimento e bem-estar psicológico: A criação de valores.

Valores

Existe um grande impulso nos seres humanos para criar valor, para investir na apreciação, tempo, energia, esforço e sacrifício em certas pessoas, grupos, objetos e comportamentos. O valor tem tanto mais significado quanto mais investirmos e/ou dependa de nós. Um pôr do sol só tem valor se ativamente investirmos tempo e esforço para apreciá-lo. A civilização não é literalmente um sub-produto do instinto de sobrevivência e reprodução, é sobretudo o resultado do impulso para a criação de valor.

Ao contrário de mera emoção ou entregar-se ao que você gosta e aprecia, a criação de valor faz você sentir-se uma pessoa melhor, mais capaz e com um propósito. Eu posso ser animado por assistir a um jogo de basquetebol, arrebatado por uma taça de sorvete ou fascinado com uma vela luminescente, mas não tenho dúvida que a vida tem mais significado quando ajudo os meus filhos a resolver um problema ou a reconhecer a humanidade básica de qualquer ser humano.

Nos estados mais intensificados, a criação de valor dá um senso de bem-estar e vitalidade, você sente-se mais vivo e alerta a olhar um pôr do sol ou na conexão que estabelece com um ente querido, ou quando expressa compaixão genuína, ou aprecia algo criativo, ou se compromete com uma causa, ou liga-se a uma comunidade, ou alcança algum tipo de conhecimento espiritual.

Valores nucleares

Os valores específicos que criamos são altamente pessoais, tendem a agrupar-se em grandes categorias de valores fundamentais: humanidade básica, amor/ligação, a valorização da beleza na natureza e os objetos criados, um senso de comunidade, e alguma noção de espiritualidade e transcendência.

Os seus valores fundamentais são o que você considera como as coisas mais importantes para você e sobre você. Eles inspiram o desejo de melhorar, apreciar, ligar-se aos outros e às coisas e proteger-se.

Os valores nucleares são a base da sua motivação e transmitem aquilo que você defende e pelo qual gostaria de ser lembrado. A adesão a valores fundamentais dá uma sensação de autenticidade (você sabe quem é), sentido e propósito. A Violação desses valores por si mesmo estimula o sentimento de culpa, vergonha, ansiedade e eventualmente a difusão de identidade.

Para refletir: Não investir o suficiente nos valores nucleares, é aquilo que mais contribui para o arrependimento no final da vida de todos nós.

Valores criados por nós

Os valores devem sair de nós, e não estarem em nós. Por outras palavras, um autêntico sentido de valor pessoal depende da quantidade de valor que criamos, não de quanto somos valorizados por outros. Ainda que ser valorizado pelos outros não seja algo prejudicial, pelo contrário, impulsiona-nos o ego. É importante que os nossos valores possam ser expressos, possam surtir efeito quer em nós, quer nos outros ou no mundo.

Como é que você expressa o valor da amizade, amor,  justiça, igualdade, compaixão, coragem, sabedoria, moderação, transcendência? Mais importante, se nos percepcionarmos com incapacidade para expressar e/ou desenvolver alguns destes valores intrínsecos, necessariamente, temos tendência para criar uma sensação de vazio e passamos a sentirmo-nos impotentes e vulneráveis ??à auto-punição ou manipulação por parte dos outros. Vamos levar uma vida de pouco significado, repleta de dormência, raiva ou ressentimento, vamos ficar deprimidos ou levar uma vida sem convicção e motivação.

Emoções e valores

As emoções são, necessariamente, incorporadas na criação de valor. Parafraseando Silvan Tomkins, com emoção, tudo é importante, e sem ela, nada é. As emoções positivas promovem a criação de valor, as emoções negativas indicam perda de valor. Assim, a dor e o vazio emocional não são uma punição por mau comportamento, como alguns de nós provavelmente julgamos. Pelo contrário, a dor emocional e a sensação de vazio são motivações para criar mais valor, que é a única coisa (além de drogas e distração) que nos podem aliviar.

Você não vai parar de ser magoado, irritado ou deprimido durante uma discussão com um ente querido até que você olhe para si e para a pessoa que ama com mais compaixão. Você não vai parar de ficar irritado por solicitações de caridade, até que você dê o que realmente acredita que é certo dar. Você não vai parar de se sentir deprimido ou ansioso até que aprecie mais a si mesmo, aos outros e à vida.

Há um grande problema com as emoções e valores em relação às escolhas motivacionais. As emoções embutidos nos valores, são na grande maioria indistinguíveis daquelas estimuladas pelo ambiente. Por exemplo, o bem-estar gerado por amar, é muitas vezes confundido com o de ser amado. A vergonha de magoar um ente querido é facilmente confundida com a dor de ser magoado por um ente querido.

mulher pensativa

A nossa incapacidade de distinguir as emoções que são motivadas por algumas reações inadequadas, é o que faz com que alguns sentimentos impróprios sejam um guia para o comportamento desajustado. Consequentemente, agindo sobre esses sentimentos (angustiantes), agir de acordo com alguns sentimentos negativos e não de acordo com aquilo que são os seus valores, pode levar à frustração e impotência, emergindo sentimentos reativos que são controladas pelo ambiente (respostas condicionadas e automáticas que não estão de acordo com a nossa forma de viver).

Dica: O valor que você cria deverá depender inteiramente de você.

O que é que o motiva: Os sentimentos, o ego ou os valores?

Se na maioria das vezes você agir de acordo com os seus sentimentos,  é muito provável que em determinadas circunstâncias possa violar os seus valores. Isto pode acontecer porque os sentimentos são estimulados por muitas coisas que vão contra os valores. E, claro, ninguém se sente fiel o tempo todo relativamente aos valores. E isto, pode causar-nos alguns dissabores na nossa vida.

Apresento algumas diferenças cruciais entre os sentimentos e valores, para que o possa ajudar a escolher a sua verdadeira motivação.

Os sentimentos são:

  • Reativos ao ambiente
  • Muito influenciados por estados fisiológicos
  • Em grande parte habituados, reforçados pela vaga semelhança com a experiência passada, é por isso que aqueles que agem sobre os sentimentos cometem os mesmos erros repetidamente.
  • Transitórios, eles vêm e vão em curtos espaços de tempo, desde que não os aprofunde, amplie, e prolongue  “validando-os “ou “justificando-os” .

Em contrapartida, os valores nucleares são:

  • Muito menos reativos ao meio ambiente.
  • Muito menos influenciados por estados fisiológicos, não é provável que você deixe de amar ou tornar-se menos humano quando está cansado, faminto, sedento, ou doente.
  • Consistentes ao longo do tempo, mais ou menos permanentes.

Os sentimentos reativos não são a realidade, são sinais sobre a realidade que você sente num determinado momento. Você não é os seus sentimentos, tal como não é aquilo que ouve, ou aquilo que sente no seu corpo (por exemplo uma picada de insecto).

A reter: Para um melhor entendimento acerca do que você é, facilita dizer que: Os seus valores são quem você é.

Os nossos sentimentos devem seguir os nossos valores, mas não o contrário. Se você permitir que os seus valores fundamentais sejam a motivação e orientação do seu comportamento, os seus sentimentos seguirão exatamente isso. Você vai sentir-se mais autêntico, com uma identidade mais forte e sentir-se mais coerente consigo mesmo. Se você agir a maior parte do tempo de acordo com os seus sentimentos, isso pode ser prejudicial, você não vai saber bem quem é, aquilo que você é, e aquilo que o define perde-se nas vicissitudes temporárias dos seus estados emocionais.

“Crimes” do ego

O inimigo dos nossos valores não está à nossa volta, mas em nós mesmos, especialmente nos nossos egos. Na grande maioria das vezes, quando agimos tendo por base o nosso ego, estamos certamente no caminho de violar os nossos valores mais profundos. Enquanto o reforço da auto-estima é um fator motivador primário, muito importante para o nosso equilíbrio emocional, já o ego pode contribuir para inflamar o nosso raciocínio para níveis irreais, onde é altamente desconfortável às impressões dos outros.

Um ego ofendido, pode torna-se frágil e defensivo. A vergonha já não serve como motivação para ser fiel aos valores mais profundos. O ego impregnado de vergonha interpreta e vê um mundo injusto como um castigo infligido, exigindo alguma forma de retaliação, real ou imaginária.  O reforço e defesa do ego, inevitavelmente, prejudica a motivação natural para criar valor e proteger os valores que nós criamos. O exemplo mais trágico é o abuso da família, onde o ego frágil dirige os seus “exércitos” para desvalorizar e menosprezar as pessoas que mais valorizamos.

Características de um ego cheio de orgulho/defesa:

  • Eu tenho que estar certo; os outros têm de estar errados
  • Eu tenho que ser o melhor e o maior, os outros têm de ser menos do que eu
  • Eu tenho que ser respeitado mais do que outros
  • Não é minha culpa, tudo de ruim é culpa do mundo e das outras pessoas
  • Tem de ser à minha maneira ou como eu quero.

O culto do ego

Vivemos numa era de “direitos” que preconiza um aumento (inflação) do ego, transformado-se num culto. Sentimos que temos direito a tudo, a qualquer momento, e se não obtivermos sentimo-nos inferiores, deslocados e distanciados do mundo e dos outros. As pessoas percebem que têm mais direitos e “necessidades emocionais” agora, do que em qualquer outro momento da história humana.

Isto torna-nos propensos à raiva e ressentimento, inevitavelmente, quando o mundo frustra os nossos direitos e exigências. Estamos numa era paradoxal, ou seja, quanto mais direitos e necessidades julgamos ter, mais violados e com mais direito a validação/compensação, iremos sentir.

Sedimentar o culto dos valores

Eu continuo a ter esperança de que, como seres culturais que somos, vamos perceber o sentimento de impotência inerente ao exercício do ego inflacionando e autoestima desmedida. É possível redescobrir a virtude da humildade e distingui-la de uma baixa auto-estima. (No primeiro caso, você não é melhor do que ninguém, neste último, você não é tão bom.) O auto-valor não  tem a ver com superioridade ou com a tentativa de evitar o lado oposto: o sentimento de inferioridade.

A reter: O segredo do auto-valor é ganhar-se consciência do benefício dos valores, virtudes e forças do ser humano.

Acredito que podemos conseguir aprender a gerir as vicissitudes do nosso ego, emoções e sentimentos, para que nos sirvam e nos transmitam confiança suficiente para caminharmos na construção de uma civilização mais consciente daquilo que  cada um de nós pretende ser. Desta forma, é importante e necessário que nos foquemos no tipo de pessoas que queremos ser.

Com uma consciência alargada sobre como queremos ser, podemos contribuir com valores-base para o nosso ego:

  • Seja compassivo, protetor, grato e leal aos ente queridos
  • Seja justo, independentemente do esforço que tenha de fazer
  • Seja responsável, procurando melhorar ao invés de criticar ou culpar
  • Seja criativo, construindo, em vez de destruir.
  • Foque-se naquilo que quer ser e oriente-se por isso

O artigo girou em torno da criação de valor, fazendo a seguinte questão: “Que tipo de pessoa você quer ser?”.  Importa no entanto fazer uma outra pergunta igualmente importante:

Para refletir: “Como é que eu posso criar mais valor na minha vida e no mundo, mantendo-me fiel aos valores que eu quero criar?”

A mudança é uma escolha, a mudança para um caminhar consciente e orientado nos seus valores é uma escolha revolucionária de sabedoria, desenvolvimento e crescimento. Se esses valores servirem a si e aos outros, a humanidade está um passo mais próxima de ser humana.

Que tipo de valores deveríamos desenvolver para um melhor equilíbrio emocional?

Deixe os seus comentários relativamente a quais os valores que devemos desenvolver e/ou de que forma deveremos investir nele para nos tornarmos melhores pessoas e acima de tudo, pessoas emocionalmente mais equilibradas. Qual é o seu palpite? Comente!

Abraço,

Miguel Lucas

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