Tem ansiedade? Conheça 5 obstáculos que dificultam a sua vida
Psicologia Comportamental 22/09/2016

Tem ansiedade? Conheça 5 obstáculos que dificultam a sua vida

Miguel Lucas Publicado por Miguel Lucas

O stress e a ansiedade não têm uma causa comum, são uma resposta complexa para muitos gatilhos que a vida faz disparar e a nossa reação e/ou tentativa de superação pode dificultar-se pela presença de algumas barreiras e obstáculos.  Por isso, é importante para cada pessoa ter conhecimento do que desencadeia a resposta de ansiedade. Pode ser a morte de um ente querido, perda de emprego, um relacionamento abusivo ou uma experiência traumática,  não há uma única coisa que possa ser assinalada como causa, porque todos nós somos únicos no pensamento e percepção que desencadeia o stress e ansiedade. Aquilo que pode ser aterrador para uma pessoa, pode ser um desafio para outra.

A ansiedade ocorre quando algo dentro de nós é desencadeada por um estímulo (interno ou externo) ao que os nossos corpos reagem com a resposta de luta ou fuga, não sendo sempre factores externos como os mencionados acima, também podem ser padrões habituais de pensamento, esses pensamentos habituais podem desencadear mudanças na química do cérebro que por sua vez fazem disparar reações físicas, tais como falta de ar ou batimento cardíaco acelerado.

Apresento em seguida 5 padrões de pensamento que usualmente contribuem para o aumento da ansiedade:

Sentimento de culpa

O primeiro obstáculo que existe quando se sofre de ansiedade é a tendência de culpar-se a si mesmo, por ter essa condição, bem como para todos os problemas associados daí resultantes. A verdade, é que na grande maioria das vezes a ansiedade é uma reação natural a algum tipo de dificuldade, situação ou problema que é demasiado grande para que a pessoa consiga lidar de forma satisfatória.

Em particular, as pessoas que sofrem de ansiedade social ou fobia social tendem a desenvolver a sua condição por causa de algumas coisas que sucederam em tenra idade, como por exemplo: pais muito críticos, ser atormentado na escola por outras crianças. Se pensarmos nisso logicamente, facilmente percebemos que grande parte das crianças não têm a experiência necessária para lidar com esse tipo de stress nas suas vidas. Dado que não têm capacidade de resposta, e não podendo destronar situações de persuasão, uma reação mais natural é o medo e a cautela em relação às pessoas. Este é apenas um exemplo elucidativo. Muitos serão os gatilhos geradores de ansiedade.

A forma de ultrapassar este obstáculo é de uma vez por todas perceber que o caminho do sentimento de culpa não resulta na tomada de medidas para a resolução dos problemas e consequente recuperação. Em vez disso, deve aceitar a responsabilidade pela sua condição tal como ela é, e que esta forma de aliviar a ansiedade não é mais funcional.

Você deve aceitar a forma como a vida é neste momento e que a mudança e superação virão à medida que for fazendo e praticando estratégias mais eficazes. Tal como referi nos artigos: Ansiedade, mude o que é possível, aceite o resto e 5 estratégias para aliviar a ansiedade.

Para aprofundar este assunto, pondere ler os artigos:

remover os obstáculos à superação da ansiedade

Medir o sucesso

O segundo obstáculo é que a falha ou erro não deve ser apenas atribuída a quem sofre de ansiedade, e  que o verdadeiro fracasso ou sucesso é medido na tentativa e desempenho, não no resultado. No esporte, diz-se o seguinte ditado, “Você precisa de um grande treinador, uma equipe com grande talento, e um pouco de sorte.” A verdade na vida é que não há nenhuma situação onde se tem o controle total sobre o resultado. Por isso à partida o resultado do jogo está em aberto, dado que depende de múltiplos fatores.

Dica: Se você é ansioso na sua vida, tente entender que o sucesso é muito mais uma construção de possibilidades do que um prognóstico baseado nos seus medos.

Se alguém que é socialmente ansioso e que normalmente fica perturbado quando se prepara para convidar um parceiro para sair, certamente estará a pensar no prognóstico de rejeição. Eventualmente, porém, existem muitos fatores dos quais não está ciente e que influenciam a situação. Talvez, a pessoa em questão não seja o tipo de homem  ou mulher para o convidado, talvez  esteja com medo de ter um relacionamento e rejeita automaticamente todos os pretendentes, ou talvez, esteja acontecendo algo difícil na sua vida e ela não esteja disponível para nada.

Assim, quando alguém sofre de ansiedade e começa a culpabilizar-se e a sentir-se um fracassado, é importante, em vez disso dar crédito a si mesmo, e considerar que fatores estão fora do seu controlo, e que provavelmente influenciam a situação. Após um exame atento, torna-se claro que aquilo que parece ser razoável fazer-se, é lidar com a situação utilizando os recursos disponíveis e aceitar o resultado. Nem mais nem menos.

Para aprofundar este assunto, pondere ler os artigos:

Ciúmes

O terceiro obstáculo para quem sofre de ansiedade é o ciúme, que decorre da aparente facilidade com que os outros conseguem atingir os objetivos que são monumentalmente difíceis para a pessoa ansiosa. Por exemplo, aquela pessoa que não tem nenhum problema de comer em lugares públicos, o amigo que sempre parece ter um encontro, ou um colega de trabalho que está muito confiante quando pratica esporte.

O ciúme, tal como a culpa é um sentimento negativo que tem um retorno prejudicial. A única maneira de ficar melhor a partir de um estado de ansiedade é agir, e a inveja só impulsiona uma ação negativa, normalmente alguma ação que seja em detrimento da pessoa que é o alvo do ciúme. A maneira de encarar o ciúme  é simplesmente saber que todas as coisas boas acontecem para aqueles que trabalham para elas e, descobrir o que é que pode ser feito hoje, a fim de chegar ao lugar desejado amanhã.

Para aprofundar este assunto, pondere ler os artigos:

Recusar-se a tentar

Um quarto obstáculo para quem sofre de ansiedade é recusa-se a tentar. Normalmente, aqueles que se recusam a sequer tentar, estão num ponto extremamente difícil nas suas vidas. A ansiedade é muito intensa, de tal forma que mesmo o menor passo para fora da zona de conforto pode ser incrivelmente avassalador.

Por exemplo, para algumas pessoas só ter de falar com alguém, pedir uma informação ou ajuda, experimentam sensações físicas que interpretam como desagradáveis (podendo não ser), por exemplo, um batimento cardíaco intenso, tensão em todo o pescoço e ombros, tremores e sudação nas mãos, agitação motora, incómodo no estômago, fala acelerada, ou mesmo a gagueira. Com todas estas sensações a acontecerem a pessoa com ansiedade começa a evitar situações e locais onde julgue poder sentir-se humilhada ou fora de controle.

Perante a angústia enorme, a pessoa começa a recusar-se a tentar enfrentar as situações problemáticas. À primeira vista, o evitamento até parece ser lógico, pois a pessoa afasta-se ou evita aquilo que lhe causa incómodo ou problema.

Mas, se analisarmos mais atentamente, podemos concluir que essa estratégia começa a restringir a vida da pessoa, provavelmente ao ponto de ela deixar de fazer grande parte das coisas que fazia, tornando-se um tormento para a sua vida. A pessoa deixa de ser funcional em algumas áreas da sua vida, o que lhe aumenta ainda mais o problema.

A melhor estratégia a adotar é a pessoa tentar. A pessoa deve passar à ação e fazer algumas coisas, ainda que lhe sejam difíceis de realizar, deve esforçar-se por fazer algo sem que o objetivo seja o melhor resultado possível.

O simples ato de fazer algo, coloca a pessoa numa situação em que pode muito bem perceber que afinal até consegue ser eficaz em algumas das coisas que temia. E, se nas primeiras tentativas não obtiver o resultado pretendido, pode sempre perceber como conseguir melhorar.

Para aprofundar este assunto, pondere ler os artigos:

Internalizar os comentários negativos

Um quinto obstáculo para quem sofre de ansiedade é internalizar os comentários negativos feitos por outros ou por nós mesmos. As pessoas que têm algum tipo de transtornos de ansiedade ou mesmo aquelas pessoas que estão a passar por uma crise aguda de ansiedade, muitas vezes ouvem tantos comentários negativos a respeito dos problemas e condição pela qual estão a passar que sentem-se envergonhados e diminuídos. Quando observações negativas são feitas por outros, ou a própria pessoa tece comentários depreciativos acerca de si mesmo, isso acaba por ser uma verdade sabotadora.

Os outros, sem se aperceberem acabam por dizer coisas que fazem disparar o sentimento de culpa, como por exemplo: “Porque você não vai lá e fala simplesmente com essa pessoa?!” ou “Porque é que você está ai no canto sozinho?É incrivelmente difícil para quem sofre de ansiedade não internalizar essas observações, e muitas vezes estes comentários transformam-se em ruminações constantes que perturbam o dia a dia.

O melhor que se pode fazer, se a pessoa for um estranho, é a seguinte pergunta: “Quem é esta pessoa que fala comigo desta maneira? Será que ela realmente me conhece? “A resposta é óbvia” Claro que não”, e quando examinamos de maneira racional, torna-se claro que internalizar uma observação ruim vinda de um estranho é desadequado.

A situação mais difícil que se coloca é se a pessoa que faz a observação é um amigo próximo ou ente querido. Não há uma técnica totalmente eficaz e recomendada para mudar a forma de pensar  dessa pessoa acostumada a conversar com você, no entanto, há algumas coisas que podem ser feitas para mudar a situação. A melhor forma para começar é explicar: “Quando você me diz para falar com essa pessoa e que não há nada a temer, eu sinto-me pressionado, culpado, envergonhado, e incapacitado com a minha ansiedade. Em vez disso, eu gostaria que você dissesse _____” e preencha o espaço em branco com uma declaração que faça você sentir-se mais confortável.

Se isso não funcionar depois de algumas tentativas, ou se a pessoa não está receptiva, então a única coisa que você pode fazer para diminuir a ansiedade é decidir se quer ou não continuar a ser perturbado por essa pessoa. Talvez essa pessoa não seja realmente um amigo ou não seja uma pessoa da qual você possa levar em consideração. No final, cabe a você determinar o melhor curso de ação.

Para aprofundar este assunto, pondere ler os artigos:

Abraço,

Miguel Lucas

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Comentários
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karen

gostei muito desse site deixou bem claro pra min que e´ essa profisoa que eu quero seguir tenho 13 anos e ja sonho em ser psicologa amei o site e pretendo um dia ser que nem o autor do blog miguel lucas parabens ……

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Miguel Lucas

Olá Karen, obrigado pelo comentário.

Se o seu desejo é seguir psicologia, persiga o seu sonho. Seja persistente e tente sempre saber mais e estar atualizada.

Fico muito lisonjeado em ver em mim um modelo a seguir 🙂

Sorte e trabalho

Abraço

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blog nacional

já sofri de ansiedade e sei o quanto faz mal!

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Miguel Lucas

Olá Blog nacional, obrigado pelo comentário.

Sim, sem dúvida que a ansiedade é uma condição incapacitadora e em níveis elevados pode prejudicar muito a vida.

Espero que os artigos possam ajudá-lo.

Abraço

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David Eme

Olá, Miguel,

Creio que faz sentido. Há o caso de Sir Winston Churchill, que foi um político, estadista, escritor, jornalista, orador e historiador britânico, famoso principalmente por sua atuação como primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial.
É notório que, o resultado das agressões físicas e psicológicas lhe impingidas por seu pai, fez dele um grande homem – afirmação dele próprio.
Porém, há o caso de Marco, personagem real do meu livro “Contra a Vontade de Deus” que sofreu problemas idênticos, mas seu destino foi inverso.
O comportamento violento e agessivo do pai o destruiu totalmente.
Diante desses fatos concordo que o que pode ser aterrador para uma pessoa, pode ser um desafio para outra.
Ótimo post.
Grande Abraço.

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Miguel Lucas

Olá David obrigado pelo comentário.

Claro que o passado de cada um e os acontecimentos de vida pesam nos nossos comportamentos e atitudes na vida. De qualquer forma o medo e a angustia são sentimentos subjetivos e únicos para cada pessoa. É a nossa interpretação dos factos que leva à construção de uma ideia acerca dos acontecimentos, e assim sendo existe sempre a possibilidade de mudar isso.

Abraço

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maria teresa

caro miguel,adorei o seu post.sou jogadora de volei,pratico atletismo,faço musculaçao e pilates.estou saindo de um periodo muito critico na vida,saindo mesmo do fundo do poço.tive uma tremenda decepçao na vida,caí em depressao,estou voltando á ativa agora,graças á pessoas como vc,que sempre ajuda pessoas com seus posts enriquecedores.obrigado pela preciosa ajuda.um abraço.teresa

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Miguel Lucas

Olá Maria Teresa, obrigado pelo comentário.

Fico contente que após um período menos bom na sua vida, eseja a recuperar e com força para dar a volta por cima e voltar a sentir-se bem e a fazer aquilo que tanto gosta. Pratica vários desportos, só por si já é uma vantagem, a prática do exercício físico é muito benéfico para a promoção e manutenção do bom humor e como redutor da ansiedade.

Fico esperanças os artigos da Escola Psicologia possam contribuir para alavancar a vontade que tem em resolver os seus problemas e ser bem sucedida, tanto na vida como no desporto.

Força,

Abraço

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Fátima

Oi miguel,
estou encantada com seus artigos!faço tratamento,pois sofro de ansiedade,depressão e fibromialgia.tenho que tomar medicações e é difícil.também faço terapia e agora os seus artigos me ajudam muito!
Mas a grande pergunta que me faço é: por quê ñ consigo colocar em prática o que mais desejo.por exemplo estudar para passar na faculdade de psicologia.por que acho sempre que tudo é difícil e não vou conseguir.Nunca consigo persistir com um objetivo.
um abraço.Fátima

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Miguel Lucas

Olá Fátima, obrigado pelo comentário.

Não conseguir levar os nosso objetivos em frente por vezes está relacionado com algumas auto-sabotagens que fazemos. Acreditamos com base nos nossos medos que não temos capacidade para seguir em frente. Mas, provavelmente isso pode não corresponder à realidade, pode ser apenas uma construção sua baseada na sua fragilidade.

Com uma estratégia em mente, com melhoria da sua auto-confiança e auto-estima, pode certamente seguir os seus objetivos.

Força e convicção

Abraço

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eliane

Batimento cardíaco intenso, tensão em todo o pescoço e ombros, tremores e sudação nas mãos, agitação , incómodo no estômago, fala acelerada, gastrite, esofagite, vários pólipos no estômago e esôfago, falta de ar , respiração curta ,claustrofobia . Comecei a desenvolver tudo isso em decorrência de alto nível de stress e ansiedade. Tudo o q diz seu artigo está perfeito me ví dentro dele. Como é difícil se livrar de tudo isso. Abraços!

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Israel Leite

ótimo!
Da impressão que o doutor esta vivendo essas coisas, porque fala exatamente como são os sintomas e pensamentos de quem sofre dessa ansiedade. Estou me curando da ansiedade social, eu tinha faz muito tempo, e veio a ser muito forte quando completei 22 anos, ou seja na fase adulta, estou para completar 23, mas lutando muito contra os pensamentos que crio, estou melhorando e tendo mais coragem de conversar, ainda em alguns casos eu fujo mas vou ficar bem, Miguel gostei muito desse artigo “Tem ansiedade? Conheça 5 obstáculos que dificultam a sua vida”

abraços

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Laura

Parabéns pelo excelente artigo.
A ansiedade, um sentimento tão comum e às vezes imperceptível, exposto de maneira muito clara e objectiva. Cresci com uma mãe muito crítica e destrutiva, temperamento que se agravou com a morte do meu pai, aos nove anos. Vivo com ansiedade há 50 anos e só há pouco tempo consegui juntar algumas peças do puzzle da minha vida e sentir que não sou, de facto, "culpada" . Viver com estes sentimentos é um grande sofrimento e sair deles, difícil. Reconhecer o que lhes está na origem é uma grande ajuda para minorar os efeitos. Enfim…agradeço a sua partilha, ajudou-me…
Boa sorte para a sua vida!

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Rosa

Blog muito bom!!
Acho que estou com sintomas de fobia social, isso é muito ruim, os sintomas são horríveis,…eu não me alimento direito pois o meu estomago revira ao acordar de manhã para ir à aula. Nossa, e para dormir de noite?!! Eu fico pensando minutos e minutos que o amanhã será pior que hoje e principalmente quando há um trabalho para apresentar em público no dia seguinte, por isso eu vou dormir muito tarde, o que gera mais estrese e cansaço. Eu sinto muita dor, tensão nos ombros, no pescoço e até nas pernas.
Outra coisa que é horrível e que é uma das situações mais desesperadoras pra mim, que é quando eu pego ônibus, com o pessoal mais velho da faculdade e tal, parece que todos estão olhando pra mim. Mesmo tentando seguir as dicas, sinto que preciso ir à uma consulta com a psicologa. Obg, o blog é ótimo 🙂

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